Olá queridos, na postagem do blog de hoje vamos ter pela primeira vez uma entrevista dupla. Hoje trouxe os guitarristas Weslley Joanes e Marcio Seiti pra responder sobre timbragem de guitarra e tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto, bora?

menino negro fazendo pose tocando guitarra

 

1. Fale sobre vocês e sua experiência como guitarrista?

Weslley:  Comecei a tocar violão com mais ou menos 12/13 anos, migrando logo me seguida para guitarra, começando a tocar profissionalmente com uns 17/18 anos. Sou formado em Publicidade e propaganda com uma especialização em Marketing, e na parte musical, sou formado em técnico em Áudio. Apesar de tocar alguns instrumentos diferentes, guitarra sempre foi meu foco e minha maior paixão. Como guitarrista já tive diversas bandas covers e autorais. Sou professor na Geração M. desde 2017.

Marcio: Comecei a tocar guitarra com uns 17 anos.  Por diversos anos, devido ao trabalho e estudos, cheguei a parar de tocar, mas sempre quando dava retornava aos estudos do instrumento.

Tive aula com alguns professores, incluindo Tari Pará e o grande Wesley Joanes. Além de aula de guitarra cheguei a fazer um curso de setup com o Silas Fernandes e de luthieria, chegando até a construir uma guitarra pra mim mesmo. No futuro penso em trabalhar com música.

Gosto de equipamentos de guitarra, e gosto de experimentar amplificadores, caixas, pedais e guitarras diferentes pra chegar em um timbre de guitarra que tenho na cabeça.

2. O que é a timbragem de guitarra?

Weslley: A timbragem é basicamente o som característico da guitarra. Assim como todo instrumento tem seus timbres exclusivos, a guitarra também tem suas próprias peculiaridades. A timbragem pode ser feita de diversas formas diferentes, levando em consideração que toda guitarra vai ter um som especifico! Assim sendo, você vai precisar relacionar o som da sua guitarra com o amplificador e os pedais (Se estiver usando).

Marcio: Timbragem da guitarra é você regular o som do seu instrumento para tocar determinada música através do seu set up. Que de modo mais geral e simplista é constituído de: guitarra + pedais ou pedaleira + amplificador + caixa.

O timbre da sua guitarra pode ser muito pessoal, trazendo a sua característica própria, ou como a maioria faz, fazer referência a um timbre famoso já usado por guitarristas conhecidos.

3. Qual a importância de timbrar corretamente uma guitarra?

Weslley: O timbre é uma característica bem relativa. Tecnicamente não existe um certo ou errado, e sim o que você considera bonito ou feito. Porém, podemos dizer que existem padrões característicos de determinados estilos. Por exemplo, se você for tocar uma música do Metallica, o esperado é que sua guitarra tenha uma sonoridade parecida (Pelo menos um pouco) com o da música. E é essa a importância de conseguir timbrar bem sua guitarra, aproximar o som da referência musical que você tem! Com um timbre bonito, você vai estar muito mais motivado a estudar e desenvolver seus estudos.

Marcio: O timbre da guitarra precisa fazer sentido com a música que se quer executar. Por exemplo uma guitarra timbrada para tocar metal dificilmente se encaixará em uma música MPB. Dependendo do contexto até se encaixa, mas são em casos muito específicos.

4. O que se deve ter em mente na hora de timbrar sua guitarra?

Weslley: A parte mais difícil para quem está começando a tocar (Ou já toca a algum tempo) é de conseguir perceber qual é a característica do som que se quer reproduzir. Mas o principal para se conseguir timbrar, é saber onde você quer chegar. O melhor passo para isso, é conseguir estabelecer uma série de referências musicais, ou seja, suas inspirações. Cada guitarrista tem seu timbre especifico. Em comparação com o som, o David Gilmour (Pink Floyd) tem o som bem diferente do Adrian Smith (Iron Maiden) e do John Frusciante (Red Hot Chili Peppers). Isso acontece por que os 3 fazem músicas de estilos diferentes e usam equipamentos diferentes. Tente imaginar o timbre da guitarra do Red Hot em cima das músicas do iron maiden, claramente não daria certo pois são propostas de músicas totalmente diferentes.

Então o principal ponto e pergunta que eu deixo pra você timbrar é: qual som você quer tirar?

Marcio: O primeiro passo é pensar no estilo da música que se vai tocar, a partir daí pensar que tipo de guitarra é mais adequado, quais efeitos serão usados e qual amplificador + caixa são necessários para chegar naquele timbre. Assim você monta o seu set up.

Com o set up pronto, vem um ponto importantíssimo que é a equalização. Ela é essencial pois ajuda no posicionamento das frequências da guitarra dentro da mix da banda.

5. Quais os principais timbres de guitarra e quais os itens necessários e que influenciam na timbragem? 

Weslley: O Timbre vai variar muito do seu equipamento (Tanto guitarra como amplificador). Na guitarra, cada modelo pode oferecer um timbre especifico, dependendo muito da madeira, captadores, etc.

Por exemplo, uma Stratocaster (David Gilmour, Eric Clapton), possui um som mais “Estalado” e 5 posições de chave com possibilidade de Timbres diferentes. É um tipo de guitarra extremamente versátil, usada muito no Rock – Pop Rock – Soul, etc.

O Modelo Les Paul (Slash, Jimmy Page) tem o som mais pesado, e podendo escolher entre 3 posições de chave de captação. Com ela é mais fácil de se conseguir um timbre mais forte podendo ser usada, dentre muitos estilos, no Heavy Metal e hard Rock.

Fora a guitarra, também tem a timbragem do seu Amplificador, que assim como a guitarra, cada um vai ter uma característica diferente. Entre os mais conhecidos, posso citar a Marshall, Fender, Orange, Meteoro e Mesa Boogie. Nos amplificadores, falando de uma forma mais genérica, você vai encontrar 3 tipos de parâmetros principais: Treble (Agudo), Middle (Médio) e Bass (Graves). Esses parâmetros são as frequências que você vai controlar para conseguir moldar o timbre que quer. Pode ser que uma música tenha mais médio e menos agudo, mais grave ou menos grave, e por ai vai.

Além disso, também tem a questão da timbragem dos pedais ou pedaleiras caso você use, como uma distorção, delay, reverb, etc. Digamos que tudo o que você usa, vai influenciar no timbre, desde a guitarra e até mesmo o tipo de corda, palheta, e o jeito de tocar.

Marcio: Existem muitos timbres clássicos que ficaram famosos nas mãos de alguns guitarristas.

Um exemplo deles é o do Steve Ray Vaughan que ligava sua Stratocaster Fender 62 a um pedal Vox Wha e um Tube Screamer ligado em um amplificador Dumble.

Até hoje muitos guitarristas usam esse timbre como referência.

Outro timbre clássico é de uma Les Paul ligada em um Marshall Plexi ou um Marshall JCM 800.

Pra quem gosta de um som mais moderno e pesado pensa em umas guitarras PRS ligadas em um Mesa Boggie Dual Rectifier.

Estes são alguns exemplos de timbres que muitas pessoas usam como referência para timbrar a sua guitarra. Lembrando que a pegada do guitarrrista afeta muito no resultado final. Tornando cada timbre único.

6. O que não fazer na hora de timbrar sua guitarra e quais os erros mais comuns dos guitarristas amadores? 

Weslley: O Erro mais comum na minha opinião, é não saber escutar. Ou seja, não parar pra escutar realmente o que vai ser necessário para timbrar uma música e sair mexendo nos botões de equalização aleatoriamente. Como disse antes, o mais importante é ter um objetivo, ter suas referências e pensar: O que esta faltando? Minha guitarra esta muito aguda? Muito grave?

E então, ir regulando pouco a pouco. Esse processo acaba saindo muito natural com o tempo, quando você se acostuma com a timbragem, só de escutar, vai conseguir ajustar algo legal.

Marcio: Não saber o lugar da guitarra dentro de uma mix de banda é um erro comum.

Muitos guitarristas timbram seus equipamentos em seus quartos, tocando sozinho, e acabam equalizando tendendo a trazer mais graves. No quarto o som dia agradável mas o contexto muda quando se está junto com uma banda. As frequências graves acabam chocando com outros instrumentos como o baixo e o bumbo, fazendo com que o som soe embolado.

7. Durante um show você usa somente um timbre ou mais? Por quê?

Weslley: Uso diversos timbres diferentes, dependendo do repertório. Por exemplo, se eu for tocar um iron Maiden, já deixo salvo na pedaleira ajustado um timbre com distorção pra solo, pra base, etc. Se a próxima música for um pop, montaria um timbre sem aquela distorção forte do Iron Maiden, com um pensamento mais leve. Em alguns casos, levo até mesmo mais de 1 guitarra, para conseguir novas possibilidades.

Marcio: Vou responder a 7 e a 8 aqui. Depende muito do estilo da banda.

Se for uma banda com músicas autorais, e as músicas foram criadas apenas com um timbre você consegue utilizar apenas um timbre pro seu set de músicas inteiro. Quando falamos de uma banda cover, é necessário ter a mão diversas opções diferenciadas de timbres.

8. Cada estilo musical pede uma timbragem diferente? 

Weslley: Sim, o timbre vai muito do tipo de música. Cada estilo musical tem suas peculiaridades, tente imaginar um blues comparado com um Reggae e um Heavy Metal. Ambos tem uma sonoridade bem diferente, não apenas pelas técnicas usadas mas também pelos timbres e efeitos que são característicos de cada um.

9. Dicas, sugestões e comentários

Weslley: Pra você conseguir timbrar legal, tem que fazer vários testes e principalmente, parar pra escutar. É fundamental tentar reconhecer as frequências principais (Médio, Grave, Agudo).

Inicialmente, recomendo deixar todos os parâmetros de equalização do amplificador no modo Flat, ou seja, todos no meio. Os parâmetros de equalização não funcionam igual de um volume, onde por exemplo, se você deixar todo virado pra esquerda, vai desligar, e todo virado pra direita, no volume máximo. Quando você deixa ele no meio, significa por exemplo que esta no 0, ai se virar todo pra esquerda, vai pro -5 e se virar todo pra direita, vai pro +5.  Isso é um pouco confuso e demanda muita atenção. Se você for mexer no grave (Bass) do amplificador, se ele estiver no meio, vai estar em um modo neuto e se vc virar pra direita, vai estar apenas acrescentando mais grave, e virar pra esquerda, vai estar tirando um pouco de grave.

Quando você deixa tudo no Flat, fica mais fácil de perceber o que esta faltando acrescentar ou tirar do seu som. Ai junto disso, fazer uma combinação de equalização da sua pedaleira e entende qual captador da guitarra usar no momento na música.

O segredo é não ter medo de errar, assim como tudo na música, a parte da timbragem demanda muito estudo e treino. É tudo uma questão de Percepção, que abordo desde o começo dos estudos dos meus alunos.

Uma dica legal, é você procurar os equipamentos que os músicos que você tem referencia usam. Hoje em dia é bem fácil, basta fazer uma pesquisa rápida e já vai encontrar qual amplificador, pedais, microfones são usados. Tendo isso como base, você já consegue entender um pouco pra qual linha de timbragem que o músico caminha, e até mesmo, poder comprar algo igual ou parecido futuramente para se aproximar da sonoridade. Mas o mais importante é você usar isso apenas como referência, e partindo disso, poder construir seu próprio timbre.

Marcio: Tenha em mente o som que você quer chegar, pode ser um som que você tem na cabeça ou até um timbre famoso de referência.

Pesquise quais equipamentos são mais adequados pra se chegar à ele.

E boa diversão criando novos timbres.

 

Então é isso, espero que tenham gostado das dicas do Marcio e do Weslley e que te ajude a timbrar melhor sua guitarra!

Katherine Ebesui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *