Na dica musical de hoje vamos te ajudar a escolher e entender melhor a diferença entre o canto popular e o canto erudito, mas antes vamos conhecer um pouco a nossa prof entrevistada Nathalia Scavone.

professora de canto bonita camiseta vinho

 

Eu cresci em um ambiente de festa onde meus tios faziam roda de samba e meus pais cantavam o dia inteiro, diversos gêneros musicais até não aguentar mais.

Desde os 4 anos meus pais me levavam para cantar no karaokê e aos 10 ingressei no coro infantil da igreja que frequentava, sempre amei cantar e todos sempre me apoiavam.

Quando ouvi uma cantora da liturgia que tocava meu coração, eu senti a vontade de tocar o coração das pessoas com minha música. Então ingressei um ano depois na liturgia, entrei na EMESP onde fiz aula de canto erudito, na Real Som onde fiz aulas de violão, comecei a compor canções e aos 13 anos entrei no Coro Juvenil da Osesp, onde concretizei minha vontade de seguir carreira musical. Fazia apresentações com coro, banda de rock e casamentos.

Com 17 anos ingressei no curso de Música da Faculdade Cantareira, bacharel em canto erudito e no meio tempo estudava canto popular, canto coral, composição, regência, piano e alguns outros instrumentos.

Fiz um estágio de um ano e meio em uma escola particular de música, onde dei aulas de teoria, canto coral, canto popular/erudito, violão e teclado. Nesse período que veio o interesse como professora e não só como intérprete.

Quando engravidei aos 22 anos, iniciei o estudo em musicalização infantil, onde entendi que a música tem um papel crucial em nosso desenvolvimento como ser.

Aproveito aqui para agradecer a todos os mestres, os professores, os amigos, os alunos e os meus familiares, pois aprendi muito com vocês e sei que tem muito ainda para aprender.

Atualmente participo da Oficina de Música Antiga da EMMSP, sou cantora da Banda AdRock, tenho meus projetos paralelos como intérprete e sou “A Super Mega Professora de Canto da Geração M”!!!

Por que devo fazer aulas de canto? 

Para cantar é necessário conhecer sua própria voz, ter intimidade com o seu repertório e com o sentido da canção, dominar as técnicas vocais e de respiração adequadas ao gênero musical executado e conhecer o seu próprio corpo e o gesto corporal da canção.  A prática do canto envolve aspectos estéticos, fisiológicos, acústicos, perceptivos, pode ter um poder curativo ou terapêutico, influenciar na motivação, na expressão individual e coletiva, assim como no equilíbrio social. Nada melhor como aprender tudo isso com o profissional da área.

O professor de canto trabalha o desempenho do cantor e o desenvolvimento de sua voz, considerando soluções para as necessidades e limitações pessoais. Normalmente conta com a parceria de fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas especialistas em voz cantada, visando sempre a saúde e o bem-estar vocal. Dessa forma o cantor pode aprimorar sua voz e produzi-la com o máximo de eficiência e o mínimo de esforço, pois o uso inadequado da voz muitas vezes por não conhecer as possibilidades de utilização da anatomia do seu corpo ou dos mecanismos fisiológicos da voz, pode gerar complicações mais para frente como, por exemplo, uma limitação fisiológica, uma lesão nas pregas vocais ou um comportamento vocal inadequado. Um problema vocal discreto tem impactos distintos ao se considerar o gênero musical, como no canto erudito e no popular.

Para tanto, é preciso conhecer e compreender as peculiaridades dos ajustes vocais de cada gênero musical, pois existem distinções que podem ser claramente observadas entre esses dois grandes gêneros.

microfone para estudio com fundo roxo
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Canto erudito x canto popular

Vou utilizar a nomenclatura “popular e erudito” para diferenciar esses dois grandes gêneros musicais de canto, para evitar equívocos que possam se referir a períodos históricos.

O canto popular sempre existiu, embora remeta ao século XIX, e a associação direta com o Mercado Fonográfico. É um canto de voz limpa, sem empostamento, que cultiva e valorizao individuo como ele é em essência, apresenta ajustes supraglóticos mais próximos da voz falada. Lembrando que dentro do canto popular encontram-se diferentes gêneros. Internacionalmente, há uma classificação para o canto não erudito denominado “música comercial contemporânea” que engloba o cabaret, country, experimental, folk, gospel, jazz, rock, blues e também o canto belting. Apesar de fazerem parte de um mesmo grupo e todos serem considerados não eruditos, são gêneros que exigem técnicas diferenciadas e, portanto, merecem ser abordados separadamente.

Já o canto lírico é uma forma que se procura uma autenticidade de timbre dentro de parâmetros estéticos claros, que norteiam, e compõem diretrizes. O Bell Canto é uma prática do canto lírico que prioriza a unicidade de timbre. O estudo da projeção, da emissão, e da extrema expressividade pela voz, somente pela voz, sem nenhum recurso externo que não os que compõe o aparelho vocal humano. Trabalha extensões mais amplas de tessitura vocal, o que requer ajustes mais refinados e mais distantes da voz falada.

 

Qual gênero eu devo estudar? 

É livre escolha, você decide o que quer e para chegar ao efeito pretendido, diversos ajustes vocais podem ser realizados e esses se caracterizam de acordo com as necessidades do gênero musical e o estilo interpretativo escolhido pelo aluno, mas se estiver na dúvida olhe de forma mais explicada como esses dois gêneros trabalham em:

Classificação vocal

Erudito: É o primeiro passo para se construir um repertório. Existem músicas escritas para cada tipo de voz, e esta intenção do autor tem que ser respeitada. Por isso a música depende muito da sua classificação vocal (tenor, soprano, barítono, etc.)

Popular: No canto popular existe a possibilidade da variação de tons. Além disso, escolha do repertório é feita pelo gosto pessoal, e a tonalidade da peça é modificada para se adequar à tessitura do cantor. A classificação perde importância. O que conta é mostrar uma voz interessante, pessoal, marcante, que o ouvinte possa identificar.

Intensidade

Erudito: O Cantor lírico precisa de grande volume ou potência vocal. Via de regra ele não usa microfone e a sua voz deve alcançar toda a plateia mesmo cantando junto com uma orquestra inteira. A aula de canto lírico trabalha bastante a intensidade e a impostação de voz;

Popular: Para o canto popular não há a necessidade de tanta potência vocal. O cantor popular geralmente faz uso do microfone. Com isso a emissão da voz fica no nível da fala de forma natural. O cantor regula o volume através da sua emissão vocal e também através do equipamento (microfone).

Qualidade vocal

Erudito: Existem padrões já estabelecidos que devem ser respeitados, de acordo com cada tipo de voz. É como se neste caso o cantor é quem deve se adequar a música e não ao contrário;

Popular: O conceito de “boa voz” é mais flexível. No canto popular valoriza-se um estilo pessoal, uma voz que se identifique, uma “marca”. Aqui é a música que se adequa ao cantor que pode mudar de tom e de andamento, além de improvisar.

Extensão

Erudito: As composições para canto lírico via de regra têm grande extensão, e tendem a explorar as regiões extremas das vozes. Por isso o cantor deve ser virtuoso, e incrivelmente técnico, usando todos os seus recursos.

Popular: Nem sempre é necessária uma grande extensão vocal. Entre as cantoras, parece haver certa tendência a rejeitar os agudos (principalmente no registro de cabeça) e valorizar a voz grave; uso da voz “mista” (mistura as ressonâncias de cabeça e peito).

Articulação e dicção

Erudito: O cantor lírico precisa seguir as regras da música. Ele serve tanto a ela que em muitos casos a pronúncia artificial é difícil de entender. Ele pode até distorcer um fonema em favor da melhor emissão musical.

Popular: Este é um caso inverso: A letra tem primazia e deve ser dita como na fala, com clareza, naturalidade e sem distorções na pronúncia, para que seja compreendida imediatamente.

Criatividade ou Improvisação

Erudito: Precisa ser fiel à intenção original do autor, respeitando todas as indicações da partitura, como tonalidade, melodia, ornamentos, dinâmica etc. O cantor não pode improvisar.

Popular: Procura a novidade, o surpreendente, a releitura; espera-se sempre ouvir uma versão diferente da que já foi feita. É desejável que o cantor coloque na canção a sua “marca”, criando variações rítmicas e melódicas.

 

Conclusão

Tanto para quem já se encontrou como para quem ainda não sabe por onde começar, o ideal é sempre procurar um preparador vocal. O professor te mostra o caminho e repertório de diversas épocas, você que vai ver e sentir em qual gênero se sente mais em casa e quem sabe aos poucos crie sua própria música.

Abaixo tem 2 vídeos de cantores populares e respectivamente 2 vídeos de cantores eruditos, venha espiar:

Então é isso, espero que tenham gostado da entrevista e que tenha te ajudado.

Katherine Ebesui

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